A maravilhosa mas despercebida passagem de David J pelo Hard Club

A maravilhosa mas despercebida passagem de David J pelo Hard Club

| Novembro 14, 2019 2:20 am

A maravilhosa mas despercebida passagem de David J pelo Hard Club

| Novembro 14, 2019 2:20 am




No passado dia 18 de outubro, o lendário David J atuou no Hard Club, Porto, para um público constituído no máximo por 40 pessoas, um
espetáculo forçosamente intimista cuja falta de adesão não deixou de fazer
sentir um certo desconforto.

Não é novidade que o membro fundador
dos
Bauhaus e Love & Rockets é mal amado em Portugal e os seus concertos
têm fraca afluência, porém, era expectável que o seu espetáculo novo de
apresentação de
Missive To An Angel From The Halls Of Infamy And Allure,
disco cuja data de lançamento coincidiu com a do concerto e que comemora toda
a carreira musical do artista, reunisse mais fãs e curiosos e até aqueles com
esperança de ouvir clássicos das suas antigas bandas. Esta tour de
David J pouco antes do regresso aos palcos (passados 13 anos e um último concerto em Paredes de Coura) dos Bauhaus, provando que o seu novo
trabalho e tour advêm do amor à arte de fazer e tocar música.

Acompanhado por um teclista e uma
violista, o músico, não pareceu desanimado ou desapontado com a pequena audiência
que o esperava. Começou o concerto com a nova versão de “The Author” e fez
questão em explicar que esta era uma música nova, do seu novo trabalho, mas
também uma musica antiga (do disco The Guitar Man) “é difícil de explicar e
confuso”, completou ele e continuou a classificar do mesmo modo alguns outros
temas.

Em palco, David J, tem duas
personas diferentes, uma mais calma, introspetiva e sentimental, quando tira o
chapéu e toca guitarra, e outra mais inspirada em cabarés e teatral, quando põe o
seu chapéu. Ambos os momentos foram muito interessantes e fascinante a
quantidade de histórias que o músico conta e tem para contar, variando no modo
como o faz. Durante cerca de uma hora teve
tempo para mostrar o seu novo disco, visitar temas antigos do seu projeto a
solo, uma versão de “It Was a Very Good Year” de Ervin Drake e passagens de
luxo por Love & Rockets e até Bauhaus. “Shelf Live” e “The Dog-End Of A Day
Gone By” não faltaram a par de uma versão extremamente expressiva, mais que
emotiva, de “Who Killed Mister Moonlight” que contrastou com o momento mais
emocionante do concerto “The Day That David Bowie Died”, tema escrita no dia em
que David “Bowie” Jones faleceu.

É louvável o esforço da Lemon Live Entertainment
por trazer um músico de tal calibre ao nosso país e um concerto que,
certamente, ficará na memória dos (poucos) presentes. É também lamentável a
falta de afluência do público mesmo numa numa sala que pode ser considerada
pequena para a dimensão do artista.

Texto: Francisco Lobo de Ávila
FacebookTwitter