A banda formada por Christopher Gray (baixo, sintetizadores, programação), Sarah McKenna (voz, sintetizadores) e René Schaefer (guitarra) faz a estreia nas edições de estúdio com um disco que traz uma amálgama de sons crus, estruturados entre uma base minimalista e acentuados exercícios de voz, ora melodiosos ora abrasivos. Como primeira amostra encontra-se “Simple Animal”, faixa de abertura do disco a encapsular a estética sombria dos Banish por entre um baixo imperativo, guitarras insistentes, sintetizadores vigorosos e toda uma aura misteriosa ao seu redor. “Simple Animal” é um tema que os Banish escreveram para retratar a tendência humana de desviar-se da racionalidade quando uma situação se torna desafiadora. No vídeo, a preto e branco, que o acompanha e conta com a direção do artista Don Grey podemos comprovar a sua essência ora sóbria ora enervante.
Numa decadência melodiosa e textural os Banish continuam a construir as suas paisagens sonoras em “Tristan da Cunha”, tema que nos aporta aos territórios sonoros de nomes como Second Still e Whispering Sons pelas suas paisagens sonoras monocromáticas de ambiências gélidas. Aqui Sarah McKenna deixa claro o seu estado de ansiedade, num trabalho de voz que vai da evocação, ao hipnotismo culminando numa decadência algures celestial. Este ambiente eucarístico mantém-se na abertura da faixa que lhe dá sucessão, “Milk” onde o coro faz as delícias dos primeiros segundos de avanço, sendo procedido por sintetizadores com um trago minimal e, ainda, um jogo de guitarra e baixo comum nas atmosferas post-punk, mas cativante o suficiente para prender o ouvinte até aos segundos finais. Para encerrar o lado A encontra-se o profilático tema de encerramento, “Control Yourself” que viaja entre o subversivo mundo de contemplação de nomes como A Dead Forest Index até às atmosferas mais abrasivas e envoltas em gritos de revolta. Música para os perdidos.
A dar início ao lado B encontra-se toda uma abordagem mais ruidosa, tendencialmente distorcida e dominada por vocais distantes com o tema “Death on the Installment Plan” a fazer-se ecoar em pano de fundo. Através da essência do synth-punk, bastante notória na produção, sobressaem também alguns elementos sonoros característicos do kraut-rock e ainda um choque experimental arrasado pelo pontual saxofone, à procura de um lugar no meio da parafernália sonora. Em contraste, “Cover You Up” procura o carisma da eletrónica minimal num tema mais badalado e que inspira uma maturidade bastante apelativa por parte do trio australiano. Entre sussurros Mckenna deixa-nos uma provocativa mensagem de despedida “I’ll cover you up // And when they ask // We were just ships (We are two ships) // That never passed“.
Já a chegar à reta final do disco encontramos “Undress”, uma pequena colisão de energia efervescente transmitida numa atitude punk arrojada e todo um cunho musical a fazer tornar iminentes sentimentos de fúria, revolta e necessidade de mudança. Sarah McKenna absorve todo um lado mais grave em presença e emana um poder incontrolável no meio da desordem instrumental. A encerrar encontra-se “A White Rose”, tema prepotente a abrir com uma batida eletrónica poderosa à qual se vão juntando lentamente, sintetizadores, guitarra e voz num clima que tão depressa soa a confortante como sinistro. Afagados na impotência, os Banish distorcem todas as camadas criadas, até então, para encerrar o marco de estreia com um final aberto e algures espacial.
Em Control Yourself o trio oriundo de Melbourne apresenta-nos um conjunto de oito faixas que viajam entre atmosferas intensas, cumulativas mas altamente absorvidas por um senso de decadência iminente. Num disco que se foca na estrutura e sintonia do universo como um fator essencial para o progresso, a banda apresenta um trabalho bastante interessante que prima pelo certo teor inventivo pormenorizado em algumas faixas. Para uma estreia os Banish destacam-se essencialmente pela sensibilidade que tornam evidente ao longo das composições, conjugando ritmos e melodias de forma divergente e sem nunca soar dissonante. Em tempos de incerteza, uma coisa que é certa: os Banish trazem da Austrália um disco que certamente encontrará o seu espaço para ecoar nas playlists mundo fora.