7 ao mês com O Manipulador
7 ao mês com O Manipulador
Agosto 31, 2020 11:39 am
| 7 ao mês com O Manipulador
Agosto 31, 2020 11:39 am
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Nesta edição do 7 ao mês falamos com O Manipulador, a one-man-band de Manuel Molarinho, influenciada por bandas de rock alternativo e ética DIY, que encontra inspiração em paisagens industrias abandonadas, nos ritmos e melodias das conversas e na experimentação. A originalidade do músico tem passado pela criação de peças e canções somente através do uso do baixo, pedais, loop station e voz, dando ao baixo o papel principal de instrumento de percussão, textural e melódico.
As escolhas de Manuel Molarinho refletem os 7 lançamentos que mais os influenciaram enquanto artistas, e são também as nossas sugestões para esta edição do 7 ao mês.
As escolhas de Manuel Molarinho refletem os 7 lançamentos que mais os influenciaram enquanto artistas, e são também as nossas sugestões para esta edição do 7 ao mês.
“Sou um gajo de discos, vou tentar escolher 7 que representem momentos importantes do meu crescimento inicial enquanto músico. Deixo de fora muitos discos e espelhos de movimentos que foram fundamentais para mim.”
Sonic Youth – Experimental Jet Set Thrash And No Star (1994)
Qualquer disco da discografia deles podia estar aqui. É a minha banda favorita. Este foi o primeiro disco que ouvi deles, quando o meu irmão mais velho me estava a tentar indoctrinar com música de jeito. Na altura nem liguei muito mas lembro-me que a melodia de voz da “Skink” me ter ficado por ser tão pouco usual e quase não musical. Aos Sonic Youth devo o amor pela experimentação, pela não suposto, pela anti-música e pelo mais importante dogma que sigo – “Kill yr idols”.
Dream City Film Club – Dream City Film Club (1997)
Ainda hoje me custa a perceber como esta banda se mantém tão desconhecida. Este álbum começa com uma das músicas mais bonitas que ouvi na vida, que podia figurar ao lado “Wicked Games” como uma das melhores músicas de amor que já foram feitas.
O instrumental é sujo e nervoso e a escrita do Sheehy é tão honesta que fica difícil encontrar paralelo. Às vezes roça o ressabiado e é muitas vezes mesmo incorrecta. Encontro poucos escritores de canções que tenham tido a coragem de mostrar o seu verdadeiro reflexo, de expôr o melhor e o pior de si com uma força tão bruta.
Aphex Twin – Drukqs (2001)
Não é um disco que tenha ouvido assim tanto como outros que estão nesta lista mas teve uma influência enorme na minha vida. Antes de ouvir este disco dizia de boca cheia que música electrónica não era para mim. Mudei radicalmente e para sempre a minha opinião depois do Drukqs. Desconcertou-me e abriu-me a cabeça.
Lovage – Music To Make Love To Your Old Lady By (2001)
Fui lá parar uns anos depois do disco sair, por ser um projecto com o Mike Patton. Na altura andava a ouvir muito Mr. Bungle e Fantômas mas a estética é bem diferente daquilo que estamos habituados a ouvir do Patton. Lovage é uma espécie de reinvenção de um Barry White urbano do século XXI. Como o próprio título indica, é música para pinar. Adoro a forma como elogia a luxúria e superficialidade de maneira bem bonita, profunda, leve e divertida e ultimamente tem voltado a rodar com intensidade na minha playlist. Foi, junto com Antipop Consortium, uma das razões para me aproximar de algum Hip Hop e da Loop Music em geral.
The Mars Volta – De-loused In The Comatorium (2003)
Este foi outro disco que não me entrou à primeira, mas quando entrou foi um vício. Já era fã acérrimo de At The Drive-in mas a energia criativa deste álbum fez as delícias da minha pós-adolescência. Acho que foi o disco que acompanhou mais a minha fase mais criativa (em quantidade), em que as ideias surgiam em catadupa. Muitas noites de litrosa comprada na bomba e volume no máximo.
Dead Combo – Vol. II – Quando A Alma Não É Pequena (2006)
Acho que há discos que nos explicam uma identidade coletiva. Este é um deles – ouves e percebes o que é ser português. Um bocadinho como com a música do Paredes, quando ouves estás dar um abraço ao país inteiro e a todos os vizinhos que sabem quem és. Para mais há uma qualidade enorme na música dos Dead Combo. Não pinta um Portugal antigo ou arcaico, pinta-o com todas as cores das pessoas que o vão transformando. Este disco em específico foi responsável por muitas horas e memórias da minha vida.
Liars – Drum’s Not Dead (2006)
Se há algo que procuro na música é a capacidade de um disco me provocar sensações que não só não consigo nomear como não encontro nenhum outro que me faça sentir o mesmo. É o caso deste. Se calhar até ouvi mais vezes o anterior deles (They Were Wrong, So We Drowned) mas este disco é, para mim, uma obra prima. Não é um disco para todas as alturas. Ouço nele um certo niilismo que nem aconchegante chega a ser, uma aceitação de uma total falta de esperança, de um fim. Não consigo mesmo explicar, acho-o único e, não sei se é esquisito dizer isto, mas se soubesse que ía morrer, era este o disco que queria ouvir.
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