7 ao mês com Offermose
7 ao mês com Offermose
Setembro 15, 2020 12:01 am
| 7 ao mês com Offermose
Setembro 15, 2020 12:01 am
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Se estão à procura de um sound designer para as vossas soundtracks este artigo foi feito a pensar em vocês. Offermose, o produtor dinamarquês que está a assolar as playlists underground com o seu dungeon synth de camadas negras, lança novo disco no próximo mês e mostra-nos agora as peças sonoras que têm repercutido uma influência sentida no seu trabalho. Nunca alheias aos grandes achados encontramos as editoras que dão a cara ao novo lançamento: a lendária Third Coming Records – que numa altura em que a música se encontra num período deprimido tem-se mostrado imparável -; e a Pomperipossa – que mais desvanecida no meio é dirigida por um dos maiores nomes da cena da vanguarda, Anna Von Hausswolf.
Stilhedens Tårn está quase a chegar ao mercado num formato de exímia criatividade onde as primeiras 100 cópias (já obviamente esgotadas) incluíam o jogo de tabuleiro “Tower of Silence” impresso e projetado exclusivamente para o lançamento deste álbum. Em período de antecipação deste marco achámos pertinente conhecer as raízes que influenciaram não só a produção artística, mas a própria identidade de Offermose, ao convidá-lo para a edição do 7 ao mês de setembro.
Abaixo, uma pequena apresentação de algumas das soundtracks mais psicologicamente densas dos últimos 50 anos.
Klaus Schulze – Body Love Vol. 2 (1977)
Começamos com um clássico absoluto. Em 1978, o famoso pornógrafo Lasse Braun lançou um dos únicos filmes porno a ser exibido no festival de cinema de Cannes. Mas o que realmente se destaca neste filme é a banda sonora transcendente do famoso mago da Escola de Berlim, Klaus Schulze. O que é ainda mais interessante é quando Klaus Schulze lança a segunda parte da partitura, Body Love Vol.2. Perfeito para todos os amantes do corpo, da Kosmishce musik e LSD.
Schulze continuaria a criar uma outra trilha sonora clássica para o filme inovador Angst (1983).
V.A. – Manhunter (1986)
Por falar em Klaus Schulze e Angst, houve um filme que acabou por pedir emprestado a mesma partitura sonora. O clássico thriller noir dos anos 80 de Michael Mann, Manhunter. Este filme é uma verdadeira obra de arte e alinha-se com outros filmes de Mann, como Thief (1981), To Live and Die in LA (1985), Miami Vice (1984) e Made in LA (1989) / Heat (1995). Esta soundtrack acrescentou ainda o trabalho de Kitaro para uma melhor abordagem. Para aproveitar totalmente esta partitura, é preciso escutar a versão estendida com a contribuição completa do Kitaro. Esta é também uma ótima introdução ao trabalho dos Shriekback. E a faixa “Graham’s Theme” do Michel Rubini é simplesmente de tirar o fôlego.
Sinoia Caves – Beyond The Black Rainbow (2001)
Um belo filme do Panos Cosmatos que mais tarde dirigiu Mandy (2018). Mas, para mim, a verdadeira estrela deste filme é a banda sonora. Absolutamente perfeita.
Bo Hansson – Lord of the Rings (1970)
Vamos falar sobre este clássico dos anos 70 concebido pelo sábio dos órgãos, o sueco Bo Hansson. Inspirado no livro, Hansson criou uma bela interpretação do Universo de Tolkien, ainda incomparável até hoje. A partitura foi gravada por ele mesmo no seu estúdio de gravação particular nas florestas da Suécia. Também gostaria de recomendar o documentário sobre Bo Hansson, I Trollkarlens Hatt (2015) e Jakten på Bo Hansson (1977), ambos os filmes fornecem uma grande visão da mente e do mundo de um verdadeiro génio. Seu espírito vive nas obras de Erik Malmberg, nos seus trabalhos a solo e no seu projeto Sagor & Swing.
Bobby Beausoleil – Lucifer Rising (1972)
Outra abordagem aos estúdios de gravação caseiros são as gravações de Bobby Beausoleil e da The Freedom Orchestra para Lucifer Rising (1972) de Kenneth Anger, gravado na Tracy Prison. Lembro-me de ser apresentado a Kenneth Anger e aos seus filmes, quando eu morava com um coletivo em Copenhaga. Transformámos o sótão da nossa casa degradada num cinema. Então passámos muitas noites a assistir a filmes obscuros como este. A casa chamava-se De Døde Børns Hus / A Casa das Crianças Mortas. Há inclusive uma história de que ossos de crianças foram encontrados no sótão antes de nos mudarmos. Para apreciar plenamente a música, recomendo encontrar o The Lucifer Rising Suite, com todas as sessões.
Daktari Lorenz, Hermann Kopp & John Boy Walton – Nekromantik (1987) & Der Todesking (1990)
Esta escolha é uma espécie de batota, uma vez que estou a colocar dois filmes juntos. O Nekromantik II (1991) e o Schramm (1993) também devem estar aqui. As soundtracks destes filmes encaixam-se realmente bem. Lembro-me de assistir a todos os filmes fantásticos de Jörg Buttgereit no nosso cinema mausoléu do sótão.
Michael Z. Land – The Dig (1995)
Um grande jogo de aventuras atmosféricas, com um enredo de dimensões cósmicas. De forma semelhante aos temas de aventura anteriores da LucasArts, este disco também apresenta uma banda sonora brilhante. Mais uma vez, recomendo procurar pela versão estendida, pois é uma experiência totalmente diferente da versão normal.
Se quiserem saber mais sobre o trabalho do Offermose aproveitem para o seguir através do Facebook ou pela página do Bandcamp, onde podem ficar a par da sua discografia.
———— ENGLISH VERSION ————
If you are looking for a sound designer for your soundtracks then this article was made for you. Offermose, the Danish producer who is plaguing underground playlists with his black layered synth dungeon, launches a new album next month and is now showing us the pieces that have reverberated a felt influence on his work. Never unaware of the promising acts, we find the labels that give a face to this new release, the legendary Third Coming Records – which at a time when music is in a depressed period has proved itself unstoppable – and Pomperipossa – more faded in the middle but owned by one of the biggest names in the avant-garde scene, Anna Von Hausswolf.
Stilhedens Tårn is about to hit the shelves in a format of unique creativity where the first 100 copies (already obviously sold out) included the board game “Tower of Silence” printed and designed exclusively for the release of this album. In anticipation of this milestone, we found it pertinent to know the roots that influenced not only artistic production but also Offermose‘s own identity, by inviting him to the new edition of our “7 ao mês”.
Below you can find a short presentation of some of the most mind-altering Soundtracks of the past 50 years.
Klaus Schulze – Body Love Vol. 2 (1977)
We start things off with an absolute classic. In 1978 the famous Pornographer Lasse Braun released one of the only Porn films to ever to be screened at the Cannes film festival. But what really makes this film stand out is the transcendent score from the famous Berlin School wizard, Klaus Schulze. What is even more interesting is when Klaus Schulze released the second part of the score, Body Love Vol.2. Perfect for all lovers of the body, Kosmishce musik, and LSD. Schulze would go on to create another classic score for the groundbreaking film Angst (1983).
V.A. – Manhunter (1986)
Speaking of Klaus Schulze and Angst, there was a film that went on to borrow from that score. Michael Mann‘s classic 80’s noir thriller, Manhunter. This film is a true work of art and falls in line with other Mann films such as Thief (1981), To Live and Die in L.A. (1985), Miami Vice (1984) and Made in L.A. (1989) / Heat (1995). It even added in some Kitaro for good measure. To fully enjoy this score you need the extended version with the full Kitaro contribution. This is also a great introduction to Shriekback. And “Grahams Theme” by Michel Rubini is just breathtaking.
Sinoia Caves – Beyond The Black Rainbow (2001)
A beautiful film by Panos Cosmatos who would later go on to direct Mandy (2018). But to me, the true star of this film is the score. Absolutely perfect.
Bo Hansson – Lord of the Rings (1970)
Let’s talk about this 70’s classic By Swedish organ savant, Bo Hansson. Inspired by the book, Hansson created a beautiful interpretation of the Tolkien Universe, still unrivaled to this day. Recorded by himself in his private recording studio deep in the forests of Sweden. I would also like to recommend the documentary about Bo Hansson, I Trollkarlens Hatt (2015) and Jakten på Bo Hansson (1977) both films give a great insight in the mind and world of a true genius. His spirit lives on in the works of Erik Malmberg, in his solo works and his Sagor & Swing project.
Bobby Beausoleil – Lucifer Rising (1972)
Another take on home recording studios is Bobby Beausoleil and The Freedom Orchestra‘s recordings for Kenneth Anger‘s Lucifer Rising (1972) recorded in Tracy Prison. I remember being introduced to Kenneth Anger and his films when I was living in a collective in Copenhagen. We transformed the attic of our run-down house into a cinema. We spent many nights watching obscure films such as this one. The house was called De Døde Børns Hus / The House of the Dead Children. There was a story that child bones where found in the attic before we moved in. To fully appreciate the music I recommend finding The Lucifer Rising Suite, featuring all the sessions.
Daktari Lorenz, Hermann Kopp & John Boy Walton – Nekromantik (1987) & Der Todesking (1990)
This one is kind of cheating since I am putting two films together. Nekromantik II (1991) and Schramm (1993) should also be on here. These soundtracks really sit well together. I remember watching all the fantastic films of Jörg Buttgereit in our attic mausoleum cinema.
Michael Z. Land – The Dig (1995)
A great atmospheric adventure game, with a storyline of cosmic dimensions. Like the previous adventure titles from Lucas Arts, this one also features a brilliant score. Again, I recommend finding the extended version of this one, since it’s a whole other experience than the regular version.
If you want to know more about Offermose’s work you can follow him on Facebook or through its Bandcamp page, where all the discography is listed.