Os melhores álbuns nacionais de 2020
Os melhores álbuns nacionais de 2020
Os melhores álbuns nacionais de 2020
Ao chegarmos ao final do ano bastante conturbado que foi 2020, também andámos de volta da rigorosa tarefa de recapitular o percurso musical português, selecionando aqueles que foram os registos nacionais que mais se destacaram este ano. Com nomes tão díspares e icónicos como os veteranos Pop Dell’ Arte ou o sedutor David Bruno, apresentamo-vos os melhores álbuns nacionais segundo a nossa redação.
25- Tristany – Meia Riba Kalxa
24- UNITEDSTATESOF – Selections 1
23- Filipe Sambado – Revezo
22- João Pais Filipe – Sun Oddly Quiet
21- Van Ayres – Final Spirit
20- Superalma Project – The Endeavor to Understand
19- ATA OWWO + GUILLIO – Songs for Green Tea and Peppermint Pope
18- Swan Palace – No Miracles
17- Scúru Fitchádu – Un Kuza Runhu
16- Vaiapraia – 100% Carisma
15- Clã – Véspera
14- Sreya – Cãezinha Gatinha
13- Bardino – Centelha
12- Império Pacífico – Exílio
11- ben yosei – Luz
10- Nídia – Não Fales Nela Que A Mentes
9- HHY & The Macumbas – Camouflage Vector: Edits From Live Actions 2017-2019
8- Três Tristes Tigres – Mínima Luz
7- Pop Dell’Arte – Transgressio Global
A histórica banda lisboeta Pop Dell’Arte regressou este ano à ribalta em grande forma, muito graças ao seu novo registo pela Sony Music, Transgressio Global, que surge dez anos depois do último disco e que mostra uma faceta sociopolítica mais acentuada do que nunca. A palavra de ordem deste álbum é a mesma que se tem vindo a priorizar desde o início da banda, que tem sido dos porta-estandartes do vanguardismo tuga: quebrar todo e qualquer tipo de barreiras. Nas 22 faixas que compõem o álbum mais extenso dos Pop Dell’Arte, incluem-se obras poéticas de ilustres de várias nações (e por conseguinte, contribuem para uma abordagem multilíngue) que foram adotadas pela banda, em conjunto com as suas músicas originais. Estas ganham forma vocal pela voz intensa e pronunciada de João Peste e são acompanhadas por uma investida instrumental de pop vanguardista eclética e fascinante, do início ao fim de Transgressio Global. Ruben Leite
6- Farwarmth – Momentary Glow
O produtor Afonso Ferreira divulgou o seu terceiro álbum sob o seu nome artístico Farwarmth, denominado Monumentary Glow, sob a chancela da Planet Mu. Monumentary Glow revela o som característico de Farwarmth, exponencialmente mais desenvolvido e mais desafiante, com recurso a uma imensidade de sons dinâmicos, que têm tanto de contemplativo como de arrasador, moldadas a partir de gravações de sessões de improvisação com pessoas próximas, resultantes de uma residência artística. O fio condutor deste álbum é a criação de composições sonoras que impulsionam a ideia de uma “ressonância emocional” entre o autor e o ouvinte, à base de constante adaptação de sons familiares até ao ponto de serem completamente estranhos, mas ao mesmo tempo, aliciantes. O ouvinte é levado numa travessia conceptual igualmente enérgica e severa, mas que o cativa pela aura misteriosa que se estende pelo álbum. Ruben Leite
5- Lina_Raül Refree – Lina_Raül Refree
Este álbum trata-se de uma colaboração entre o produtor catalão Refree – que já havia trabalhado com nomes como Rosalía ou Lee Ranaldo – e Lina, fadista residente da Casa de Fado e estudiosa do trabalho e legado de Amália Rodrigues. A dupla gravou este álbum com o objetivo de reinventar o Fado, fundindo-o com eletrónicas leves, que fazem das teclas a nova guitarra portuguesa. No fundo, Lina_Raül Refree põem o Fado nas suas mãos e modernizam-no, sem mudanças de tal forma drásticas que o torne totalmente irreconhecível às sonoridades de Amália de que Portugal tanto se orgulha. João Pedro Antunes
4- Luís Pestana – Rosa Pano
Foi pela mão de Rosa Pano que Luís Pestana se estreou em nome próprio. O produtor lisboeta, antigo guitarrista dos extintos LÖBO, juntou-se à família da americana Orange Milk Records, editora frequentemente associada ao vaporwave mais contemporâneo e à eletrónica gerada à base de colagens sonoras, para lançar este seu primeiro registo. Em Rosa Pano, Luís Pestana reúne oito faixas de cariz sonhador, “o seu próprio folclore inspirado pelas canções de embalar da mãe”, e ao mesmo tempo evidencia uma angústia imediata, muito por culpa da inexistência de quebras entre as faixas. À eletrónica progressiva, a evocar a obra de Oneohtrix Point Never e Tim Hecker, juntam-se elementos da música tradicional portuguesa – “Ao Romper da Bela Aurora” é uma reinterpretação do tema de mesmo título da autoria de Janita Salomé e Vitorino -, assim como ornamentos celebrativos da natureza e da vida rural. Rosa Pano é uma estreia bastante auspiciosa para Luís Pestana, esperemos que o futuro nos reserve novos trabalhos produzidos com o mesmo selo de qualidade. Rui Gameiro
3- David Bruno – Raiashopping
2- YAKUZA – Aileron
YAKUZA é um trio lisboeta constituído por Afonso Serro (teclista), André Santos (baixista) e Alexandre Moniz (baterista), sendo AILERON o álbum de estreia do grupo. Nesta obra, podemos testemunhar uma sonoridade de nu jazz noturno e dançável que faz lembrar o groove da banda sonora de GTA III e de alguns RPG’s dos anos 90. Aconselhável tanto para fãs de jazz como de música eletrónica, mas especialmente para quem tem um ponto fraco por artistas como BADBADNOTGOOD, Kamaal Williams ou Amon Tobin. João Pedro Antunes
1- HHY & The Kampala Unit – Lithium Blast
Jonathan Saldanha tornou-se rapidamente num nome incontornável da música electrónica experimental a nível internacional. Sob HHY, alterego que usou ao longo da sua carreira, trouxe-nos com The Macumbas a sua receita única e contagiante de transe-feito-música. Agora, Lithium Blast, uma colaboração com The Kampala Unit e fruto em parte da sua residência com o colectivo ugandense Nyege Nyege, é a nova exploração sonora apresentada por HHY. A ele juntam-se Omutaba nas percussões e tambores híbridos e Florence lugemwa no trompete, contando ainda com secções de sopro adicionais protagonizadas pela banda de metais da prisão de Kampala. O produto final é uma intensa ofensiva de dub, techno e trance, com uma boa dose de elementos de percussão tradicionais capaz de se tornar num dançável tónico hipnótico nos primeiros minutos. HHY volta a demonstrar uma versatilidade já comprovada e testada na produção e experimentação, contando novamente com colaboradores capazes de brilhar e contagiar no meio da sua densidade estética. José Almeida