7 ao mês com Mera
7 ao mês com Mera
Maio 28, 2021 6:08 pm
| 7 ao mês com Mera
Maio 28, 2021 6:08 pm
| Nesta edição do 7 ao mês falámos com João Soares, co-fundador e produtor da label portuense Mera. Para quem anda distraído, a Mera é uma plataforma que assume o seu lugar como editora e promotora da música eletrónica desde 2019, procurando editar nova música recorrente da comunidade do underground e, em simultâneo, criar o espaço e ambiente adequado para promover essa música. A base desta promoção reside no estreitamento das relações entre público e artista, o que por si só, estimula a própria criação e a partilha da mesma. Estas duas vertentes, que identificam o propósito de existência da Mera, são definidas pelas próprias construções provenientes do espólio de cada artista, que influencia sempre o rumo da editora/promotora. Uma característica fundamental é que, a cada edição lançada, acreditam ser imprescindível a apresentação pública, dando sempre a conhecer o trabalho mais recente ao grande público.
Relativamente às escolhas desta edição, os próprios explicam: “Esta seleção circula pelas nossas primeiras fontes de inspiração, que levaram a editora onde está agora e que determinou muito o nosso sentido dentro da música eletrónica. São faixas de alguns produtores que fundaram várias editoras que também nos definiram como potencializador do meio eletrónico no mundo e uns quantos que nos deram uma motivação extra na produção de algumas noites intensas no Porto, e quem sabe, no mundo inteiro”.
Dust Devices – Formation
Esta faixa foi o mote para o primeiro lançamento da editora. Depois de meses a pensar em como começar isso de uma vez por todas, o Cláudio Oliveira (Dust Devices) foi um grande impulso para o início do que é agora a discografia da editora. Uma faixa que originou também o primeiro videoclip, realizado pelos Daniel Assunção e Nelson Duarte, co-fundadores da Mera e responsáveis por toda a componente multimédia.
Spectre Research EP é um projeto que nos aliciou a alma quando o ouvimos. Estamos a falar do trabalho dum artista sonoro que com a sua base técnica de sonoplastia, reverte esse knowledge para a produção musical e cria mundos enormes para viajar entre profundidades de campo diferentes.
Luke Vibert – I Love Acid
Luke Vibert, uma grande inspiração para todas as gerações e para todos os núcleos da música eletrónica. A “I Love Acid” em específico marcou-nos porque foi uma faixa que misturamos muitos nos nossos primeiros tempos como DJs. Quando tocavamos no Café Au Lait ou no Passos Manuel, era sempre uma faixa que nos acompanhava para transmitirmos esse lado do ácido, relacionado com o género ACID na música eletrónica, mas também a cultura dos alucinogénios que, como a música indica, é algo que nos interessa explorar.
Drexciya – Wave Jumper
Escusado fazer apresentações, mas sem dúvida que Jon Stinson e Gerald Donald marcaram toda a geração electro que veio a seguir. Inspirados pela força sonora e visual da água, misturada com história relacionada com a escravidão, que origina no mundo Drexciya, algo inigualável no mundo. Marcou-nos também porque foram os pioneiros no que chamamos hoje de electro. Nunca mais me esqueço de ouvir um set do Dj Lynce, repleto das melhores faixas deles e eu estar a absorver tudo como se estivesse a ouvir música pela primeira vez. Qualquer pessoa apaixonada por electro e techno, tem de conhecer Drexciya.
Sync 24 – Solvent Abuse
Sync 24, o fundador da Cultivated Electronics. Este produtor foi dos primeiros que absorvemos e colamos instantaneamente. Estamos a falar de um dos grandes produtores de electro, que revolucionou o mundo com a sua editora e que ainda hoje continua com os seus lançamentos consistentes que nos deixa certos do que estamos a ouvir. Há uma grande sonoridade associada a eles que não há que enganar. Sem dúvida que a estética da Cultivated é uma inspiração enorme e cada lançamento deles é uma gema para o mundo da música eletrónica.
Assembler Code & Jensen Interceptor – Turnin’ Headz
Esta faixa, é outra que nos acompanhou continuamente nos vários sets que fizemos pelo Porto. Lembro-me que comprei este vinil, nunca mais parei de o misturar. Levei-o para todas as noites que toquei e foi sempre um ânimo ver o público a reagir a esta faixa.
Jensen Interceptor, dono da editora International Chrome, tem sido um pilar na música electro, ghetto, techno, funk. Surreal a forma como ele consegue produzir tanto em tão pouco tempo, e como ele consegue estreitar as relações entre todo o mundo, com os seus lançamentos e edições em Berlim. Sem dúvida, um artista a ouvir. Em colaboração com o britânico Assembler Code, construíram este tema inesquecível que nunca cansa.
Textasy – Breakbeat Lizard
Textasy, o grande motivador no que toca ghetto techno, ghetto juke, electro, breakbeat. Com a editora FTP, ele revolucionou a indústria destes géneros musicais, samplados com músicas da nossa infância, de Detroit a Chicago, com os bpms sempre altos, é impossível não dançar. A editora dele definiu uma grande fase das nossas vidas, porque nos levou a absorver de tal maneira o mundo dele, que passamos festas inteiras a partilhar este género musical sem fim. Há uma energia inerente a esta editora, que não como comparar.
Dj Frankie – No Ordinary Love
Para fechar esta rubrica, trago uma faixa do Dj Frankie que se chama “No Ordinary Love”. Primeiro, o facto de ser um remix da música da Sade deixou-me logo colado, mas este electro muito próprio do Frankie, fez com que criasse uma relação mais próxima com ele e conseguisse ouvir o espólio musical todo dele. E foi um fascínio. Esta pequena relação, já tinha originado uma data no Porto, em que iríamos partilhar palco com ele e com a Na O Mi, mas infelizmente não aconteceu. Mais uma razão para partilhar este artista, porque de facto fez-nos ver as coisas para além do Porto e quase tivemos a oportunidade de estrear as festas da editora com alguém fora de Portugal.
Ele faz parte dum grupo argentino, a krew63, com o Ray Monero, Thisisperso e muitos mais, que têm uma imagem muito consolidada na música eletrónica que os define imediatamente. Todo o espólio do Dj Frankie é super reconhecível e vale muito a pena ouvi-lo. Esperamos trazê-lo cá no futuro!
Se quiserem conhecer um pouco melhor a Mera, sigam as suas redes sociais (Facebook, Instagram, Bandcamp), onde podem acompanhar os seus novos lançamentos e os seus eventos. O próximo é já amanhã, dia 29 de maio, no Passos Manuel com a performance ABRUPT (Dust Devices e Coletivo Berru).