Sereias em entrevista: “A intergeracionalidade entre os vários membros da banda contribuem para a tal sonoridade quase única”

Sereias em entrevista: “A intergeracionalidade entre os vários membros da banda contribuem para a tal sonoridade quase única”

| Maio 30, 2022 12:55 pm

Sereias em entrevista: “A intergeracionalidade entre os vários membros da banda contribuem para a tal sonoridade quase única”

| Maio 30, 2022 12:55 pm

Donos de uma sonoridade intransigente e letras corrosivas que dispensam qualquer tipo de apresentações, os Sereias lançaram recentemente, pela editora Lovers and Lollypops, o seu novo álbum homónimo de originais, após o sucesso do primeiro registo O País a Arder. Nesse âmbito, tivemos uma breve conversa com o vocalista António Pedro Ribeiro acerca de Sereias, da atualidade e do estado do mundo, entre outros.

Antes de mais, parabéns pelo vosso novo álbum! O que vos levou a pensar que agora era uma boa altura para lançar Sereias?

Todas as alturas são boas para lançar um álbum. No entanto, este contexto de guerra, pandemia, alterações climáticas, caos, apocalipse, possível fim da Humanidade, esquizofrenia global, torna este álbum mais urgente do que nunca, com canções como “A Coisa”, “Dinheiro”, “Depressão” e que põe a ferida nas fobias sociais, no capitalismo do controle e da vigilância, nos vários impérios, em toda a porcaria política e financeira que por aí vai, além do salve-se quem puder quotidiano e dos macacos que trepam de Nietzsche.

Ainda acerca do Sereias, como abordaram o típico desafio do difícil segundo álbum? Algum desafio ou entrave em particular? Quais foram as influências que tiveram mais repercussão na concepção deste registo?

A cidade, o campo, as flores, os cafés, restaurantes e confeitarias de Vilar do Pinheiro, todas as mulheres bonitas.

Durante o período de tempo que separa O País a Arder e este álbum, qual é vossa reflexão no impacto que os Sereias tiveram na cena musical portuguesa, tanto em disco como ao vivo?

O País a Arder quando saiu e antes de sair já teve um grande impacto junto do público e dos media, só que logo a seguir veio a pandemia e estragou-nos um pouco os planos. Mas nós continuamos a viagem. Continuamos a lutar. E continuamos a gravar e a ensaiar. Apesar de tudo, a nossa influência manteve-se em disco e ao vivo (sobretudo ao vivo) com concertos nos Açores, em Sevilha, em Lisboa, em Viseu, em Coimbra e a receção foi o máximo, absolutamente fantástico. Temos consciência de que influenciamos outros mas que somos originais, únicos.

Suponho que vos perguntem isto imensas vezes, mas acham que a intergeracionalidade entre os vários membros da banda tem contribuído para a sonoridade geral dos Sereias? E de que forma?

A intergeracionalidade entre os vários membros da banda e os diferentes gostos musicais e literários entre os componentes são altamente benéficos e contribuem para a tal sonoridade quase única.

Como vêm o panorama sociopolítico em recente memória, principalmente com as eleições terem tido o rumo que tiveram? Acham que o povo tem que ter mais literacia política para as coisas terem que mudar a sério?

Falo por mim, António Pedro Ribeiro. Nada tenho a ver com a direita mas o Rio foi comido pelo Costa que foi buscar os outros votos ao BE e ao PC que foram uns anjinhos. Quanto ao PC, ainda tenho pena, querem exterminá-los, é preciso dar-lhes força. Mas também sempre com a mesma cassete não vai lá, camaradas. Ao BE, é bem, por se perderem em supostas causas em vez de se concentrarem no essencial, no que ainda fazem algumas tendências minoritárias- na revolução, porra! O MAS subiu um bocadinho, a miúda tem piada, mas não sei se se aguentam. Quanto ao Chega e à IL, os fascistas e os ultra-capitalistas, sacaram uns votos na banha da cobra, mas não perdem pela demora. Eheh. O presidente Marcelo é um idiota falante.

A propósito disto, como surgiu a música ‘FP25’ [do álbum O País a Arder]? Foi como um grito de revolta vosso contra o “estado a que chegámos” (como diria o falecido capitão de Abril Salgueiro Maia imediatamente antes da revolução)? Acharam que podia ser polémico?

“FP-25” é um grito de revolta contra o instituído, contra os banqueiros corruptos, contra os políticos corruptos, contra o poder e o dinheiro em geral, pelo novo mundo e pela nova revolução que vem aí tenho a certeza. Claro que achamos que podia ser polémico mas, como dizia Ernesto Che Guevara, o papel do revolucionário é fazer a revolução.

Recentemente, o mundo tem-se visto a braços com a pandemia do COVID-19, e como resultado, um dos setores mais afetados foi o das artes/espetáculos. Acham que a maneira como o governo tem lidado com esta situação poderia ser melhorada?

O governo anda sempre aos avanços e aos recuos e está ao serviço das grandes farmacêuticas.

A música portuguesa tem sido o palco de vários talentos emergentes nos últimos anos. Qual é, na vossa opinião, os artistas/bandas nacionais mais recentes que merecem a atenção das pessoas?

10 000 Russos, Decibelicas, Celestino Monteiro, Francisco Laranjeira, Helena Carneiro, Sopa de Pedra.

O que se segue após o lançamento de Sereias? Há alguma etapa em concreto que vocês gostariam de alcançar com este projeto, alguma barreira que gostariam de quebrar?

O futuro a Deus pertence. Quanto a mim, continuarei em busca do amor, da liberdade e da revolução.

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