Palco RUC 2023: foi até arder

Palco RUC 2023: foi até arder

| Julho 9, 2023 9:00 am

Palco RUC 2023: foi até arder

| Julho 9, 2023 9:00 am

Já cá está o verão, mas o Palco RUC de 2023 fica para a memória, com nomes como Deli Girls, Animistic Beliefs e Tim Reaper.

A Rádio Universidade Coimbra (RUC) organizou mais uma edição do Palco RUC, realizado nos quatro primeiros dias da tradicional Queima das Fitas de Coimbra, que ocorreu entre os dias 19 e 27 de maio na Praça da Canção.

Já faz cerca de década e meia desde que a RUC passou a fazer parte da equipa da curadoria da Queima das Fitas, tendo trazido a estas históricas festas briosas nomes como DJ Rashad, Iglooghost, Kode9, R. Stevie Moore, Empire Line, entre muitos outros. Por isso, as expectativas eram altas, com uma missão bastante clara: fomentar a diversificação musical nos cartazes das festividades de maio e a aproximação da rádio aos ouvintes. Para ajudar a completar esta missão, a rádio levou à Praça da Canção nomes como Deli Girls, Animistic Beliefs e Tim Reaper.

A reportagem que abaixo segue é um relatório um quanto extenso, mas organizado de forma a facilitar a navegação do leitor. Exploraremos então, com algum detalhe, este cartaz cuja tarefa era a de criar uma alternativa ao palco principal que – ao longo dos dias que coexistia com o Palco RUC – trouxe nomes como Linda Martini, Os Quatro e Meia e Slow J.

||DIA 19||

O dia inaugural do Palco RUC prometia uma grande viagem pelo mundo do clubbing britânico, com nomes como Josie Bee e Tim Reaper na constituição do cartaz. Consequentemente, a RUC escolheu Hugo Senra e Simão Craveiro para abrir o palco às 23 horas, representando London: programa de eletrónica na RUC focado em toda a música eletrónica ao longo do globo que se inspira nos clubes noturnos londrinos.

Lexi, outra associada da rádio, tomou o comando do leme pouco depois da meia noite, para um público que se ia avolumando a ritmo acelerado após o término do concerto dos Linda Martini, no palco principal. Lexi não desapontou os recém-chegados, que vieram para ficar e amplificar o estado de dançaria freneticamente extática já ali existente.

De seguida, chegou a vez de Tim Reaper. Das 1h30 às 3h00, o DJ londrino atirou à plateia uma persistente cacofonia sonora (positiva) que, no fundo, cobriu uma boa parte dos elementos que têm marcado os seus dez anos de carreira: jungles energeticamente metropólicos; breaks mecanicamente maníacos; e todo um leque de sonoridades futuristicamente exuberantes. No fundo, foi todo um caos lúcido: Reaper depositou a sua confiança em músicas orelhudas e num certo nível de autocontrolo, ocasionalmente abrandando as batidas de forma a agigantar os momentos mais explosivos do set.

Chegando então à terceira hora da madrugada, surgem no palco dois DJ’s: Cativo e DJ Vice City. Sob formato b2b, a dupla puxou do acelerador com um bass à la techno. O público foi sendo ensopado com ondulações radioativas que vazavam a uma velocidade exponencial.

Esta disseminação de batidas hipnoticamente sujas pareceu afetar toda a pista de dança de forma contagiosa: não só o público crescia em número, como eram cada vez mais os que davam todo o seu suor a dançar arrebatadamente na frontline até às quatro horas e meia da madrugada.

No entanto, ainda havia mais suor para derramar: a inglesa Josie Bee – um dos grandes nomes da nova geração de Brighton – ficou encarregue de fechar o dia inaugural do Palco RUC. Claramente um dos grandes destaques da noite, o set de Josie Bee foi um autêntico pique de hiperatividade etérea. Foram constantes as alternâncias entre jungle, hardcore e techno, tornando o set extremamente cativante de início ao fim.

Palco RUC

Josie Bee

Além disso, de destacar o uso quirky mas altamente criativo de samples: estamos a falar de secções inteiras comandadas por remixes de faixas da banda sonora do videojogo Pokémon Red, por exemplo. O set continuaria decerto a ter bastante brilho sem estas samples, mas quem não vibra com uma versão de techno alvoroçado da faixa de batalha do jogo? Pode não ser propriamente um aspeto absolutamente necessário para o sucesso da receita, mas fez com que toda a experiência se tornasse incalculavemente relembrável. Uma das provas disso mesmo é o número ainda bastante satisfatório de pessoas restantes na hora de fechar as portas.

||DIA 20||

Apesar de alguns chuviscos pelo meio, o segundo dia do palco deu início às 23h00, com um set b2b de dois DJ’s RUC: Gonçalo V. e Rivers.
Pois bem, nem a chuva os parou. Aliás, nem a plateia reduzida: a dupla da casa mostrou-se inintimidável ao longo de todo o set, apostando numa setlist diversificadíssima. Eletrónica, disco, pop, r&b, rock, voilà: uma ementa completa com boa disposição a servir de acompanhamento.
Contudo, o grande destaque deste b2b aconteceu algures no seu meio-tempo, quando a musicalidade rapidamente escalou para dança eletrónica completamente avassaladora. Ora, é verdade que todo este artigo decai muito no uso de linguagem quasi-literária para descrever cada concerto, mas não é o caso quando dizemos que avistámos mais do que um membro da plateia a olhar de forma incredulamente fascinada para o relógio do telemóvel, estabelecendo comentários como: “é meia noite e meia! Isto é música para as seis da manhã!”.

Após um set tão vivaz, o que se segue? O absoluto oposto.
Três da manhã: a brincadeira acabou; os Pledge sobem ao palco. Originários do Porto, o quinteto fronteado pelos vocais raivosamente esmagadores de Sofia Magalhães tocou ao longo de uma hora. Durante esse tempo, o grupo tocava como quem preparava uma poção de magia negra com intenções de aniquilação feroz. Ingredientes? Um frasco de post-hardcore quase indistinguivelmente diluído com powerviolence; e uma saqueta de energias caótico-mecânicas ricas em frenetismos cruamente sombrios. Já o público vibrava como furacões, reunindo-se em números cada vez maiores no centro da frontline.

Pledge

Às 3h15, voltava a música eletrónica com Animistic Beliefs, duo originário de Roterdão. Este regresso aos CDJs viu ainda mais pessoas a juntarem-se ao público, parte deles sendo “campistas” que se haviam refugiado nas redondezas do espaço para pacientemente aguardar o regresso prometido dos ambientes de rave (apesar de a plateia já ter estado um quanto cheia, repleta de um público com fome de música pesada).
Pois bem, cumprido esse desejo, os Animistic Beliefs, constituídos por Marvin e Linh, deixaram todo o público ao rubro. Tratam-se de sonoridades que, mesmo cabendo perfeitamente em rótulos como IDM ou electro, contêm também uma carregadíssima influência na música tradicional moloca e vietnamito-chinesa, apimentada pelos vocais à la punk de Linh.

Animistic Beliefs

Para terminar o segundo dia, a RUC escolheu Shcuro, um dos grandes nomes do clubbing da nossa capital. É um produtor, DJ e radialista com uma vasta mala de experiências. Além de DJ residente na Lux Frágil, Shcuro também fez passagens por algumas das maiores raves de Europa, como o Berghain (Berlim), o Blä (Oslo) e a Jasna1 (Varsóvia). Ademais: já lhe foi concedido o papel de DJ convidado em estações de rádio de renome, como a BCR, a NTS, a Rinse FM; e no caso de rádios nacionais, a Rádio Quântica.
Dito isto, escusado será dizer que o seu set no Palco RUC foi digno do veterano que ele é. Com Shcuro, o público chegou ao seu número pique da noite, tendo – com mestria certeira – atraído cada vez mais dançarias numa plateia em estado de constante crescimento. Mais que uma mix, foi uma autêntica aula de breaks, electro e techno.
Resumindo e concluíndo: Shcuro cumpriu as expectativas que lhe foram impostas de forma bastante competente, fechando então a segunda noite do Palco RUC em bons termos.

||DIA 21||

Mais uma corrida, mais uma viagem. Como de costume, o terceiro dia do Palco RUC abriu às 23h00, com a curadoria a escolher pôr a música eletrónica no assento de passageiro, dando então prioridade a veias mais próximas ao rock.

Dito isto, seguiu-se a tradição de começar a programação com os DJ’s RUC: Marta Anjo (23h00-0h15) e Barrosa (0h15-1h30; 4h00-5h00). Ambos seguiram-se minimamente pelo tema: cada um da sua forma. No entanto, ainda existiam algumas réstias da ressaca de eletrónica do dia anterior, aqui e acolá (principalmente no segundo set de Barbosa).

Às 1h45, os MДQUIИД (aka Máquina) subiam ao palco. Especialistas em psicadelismos industriais e punhaladas ruidosas, trata-se de um trio lisboeta – constituído por Halison (voz e bateria), Tomás (baixo) e João (guitarra) – que, apesar de relativamente recente, mostra-se já como um projeto bastante promissor no panorama nacional. O disco de estreia que apresentaram neste concerto – DIRTY TRACKS FOR CLUBBING, editado ainda a janeiro deste ano – é a prova viva disso mesmo.

MДQUIИД

Quanto ao concerto em si, destacou-se principalmente a acentuada química entre todos os membros. Os seus papéis complementaram-se de forma muito natural e fluida: a estrondosa guitarra sob efeito de delay e reverb; o baixo desalmadamente sujo; e a inabalável bateria, que confiantemente comandou o volante sonoro e assumiu um papel fulcral para a criação de uma sonoridade maioritariamente dividida entre o krautrock e o techno industrial. Estas três camadas coabitavam perfeitamente, criando toda uma aura de desestabilização catártica difícil de ignorar.

O slot seguinte foi cortesia dos Terebentina, projeto de noise rock anárquico originário do Porto que, ao longo de toda a sua performance, fez a Praça da Canção transbordar energia, caos e liberdade.
Como de costume, o vocalista Guilherme Oliveira assumiu por completo a sua posição de frontman, manifestando-so como dono do palco enquanto recitava os seus manifestos.
Pois bem, esta presença de palco não é algo novo para quem já é familiarizado com os Terebentina. No entanto, ver toda essa algazarra positiva em ação em pleno Palco RUC teve, inegávelmente, a sua própria magia. Quem os viu pela primeira vez nesse dia não os esquecerá tão rapidamente, certamente.

Terebentina

Após o segundo set de Barrosa, chegou a vez das Deli Girls atuarem no Palco RUC. Discutivelmente as grandes cabeças-de-cartaz de toda a edição, o duo nova iorquino constituído por Danny Orlowski e Hatechild não desapontou.
O synthpunk de Deli Girls sempre foi algo um quanto fascinante. Apesar da sua abordagem instrumentalmente minimalista, o grupo demonstrou ao vivo o mesmo talento que em estúdio para abarrotar cada ínfimo pormenor das suas canções com sucessivas camadas de intensos sentimentos.
Ao longo dos quarenta e cinco minutos de atuação, a dupla estadunidense encarnou ininterruptamente uma aura agressivamente visceral, adquirida através da utilização de sintetizadores tão aguçados quanto a faca mais afiada que se possa imaginar, mas também por batidas que, na maior parte do tempo, transmitiam uma ansiedade delirante que não se calava. Era como um sufoco, como ser levado por uma entidade liminal que apenas sabia falar por sons industriais.

Deli Girls

Claro, também não podemos deixar de falar deste concerto sem mencionar a performance lírica de Danny Orlowski, que carregou um intenso sentimento de raiva e amargura contra um sistema político promotor de todo o tipo de desigualdades sociais. Tais declarações foram sempre feitas num tom de voz situado algures entre o desespero, pânico, raiva e rebeldia.
No fundo, foi uma performance bastante bem conseguida. Qualquer membro da plateia tinha duas opções: ou ouvir cada camada com toda a atenção e deixar-se ir pelo universo ansiosamente futurista que é a arte de Deli Girls; ou abster-se – mesmo que parcialmente – dos assuntos mais sérios e somente dançar ao som de hipno-brutalidades esmagadoramente ameaçadoras, batendo truculamente o pé sem intervalo ou piedade até às seis da manhã. De qualquer das formas, foi um fecho ideal para libertar energias e de seguida ir para casa restabelecer baterias para o último dia de Palco RUC, que veio no dia seguinte.

||DIA 22||

Fim da linha à vista: o Palco RUC chegava ao seu último dia. Tal como nas noites anteriores, a estreia do palco ficou ao encargo dos DJ’s RUC. Os últimos detentores desta responsabilidade foram Tchitchi e Benson1.25x.

Benson1.25x introduziu a noite com um set que consistia maioritariamente em afrobeat e batida. Com a sua camisola do Benfica com o nome de Mantorras nas costas, Benson1.25x enchia o recinto com ritmos alegremente energéticos.

Benson1.25x

Tchitchi, por si, aqueceu o motor da festa com muito pop de todos os aspetos e feitos, mas sem esquecer os passos de dança. O hyperpop esteve bastante presente no seu set, com faixas como “Faceshopping”, de Sophie; e “Vroom Vroom”, de Charli XCX como alguns dos principais exemplos.

Após a introdução ao último dia feita pelos DJ’s RUC, o rapper Real Guns – nome artístico de Ovilton Fernandes Santiago – subiu ao palco às 01h30. Ao longo de uma hora e meia, o artista santomense derramou inintimidávelmente versos em crioulo que retratavam a sua realidade e quotidiano. A sua carreira ainda é relativamente curta (e este concerto realizou-se antes do lançamento de Davids, álbum colaborativo com Mikelpotter editado no passado dia 16), mas isso significou a garantia de que muitas das suas faixas lançadas até então tiveram chance de brilhar no Palco RUC.

Às 3h00, DJ Kolt chegou ao palco para representar a cena batida. Cofundador dos Blacksea Não Maya e cara habitual nos lançamentos da Príncipe Discos, DJ Kolt espalhou energia altamente percussiva pela pista de dança, criando toda uma atmosfera tropicalmente mecânica. A sua mestria psicadelicamente etérea e hipnótica pareceu ser do agrado do público, que – à medida que se avolumava – cedia à dança sem medo.

Por fim, e para fechar esta edição do Palco RUC, a DJ catalã MBODJ – membra da Jokkoo Collective – tomou controlo das mesas de mistura para levar o conceito de clubbing uns quantos passos à frente. Descentralizadamente contemporânea e vanguardista, o seu set passou tanto pelo techno como pelo footwork, afrobeat e hard drums. Um fim de noite (e de edição) em cheio, com a catalã não só a não desapontar como possivelmente a ir além das expectativas que se lhe impunham.

MBODJ a fechar o Palco RUC

E assim terminou mais uma edição do Palco RUC. Quatro dias, vinte e um artistas, e bastante trabalho da nossa parte para vos trazer um relatório extenso sobre este evento.

Ao acabar esta edição, estivemos um pouco à conversa com Bernardo Matos – um dos curadores desta encarnação do Palco RUC – para percebermos um pouco mais o behind the scenes de toda a organização e o balanço final, após meses de trabalho para dar à luz a esta iniciativa.

Qual o balanço final desta edição da RUC?
BM (Bernardo Matos) – Eu acho que correu bem, esteve tudo bem encaminhado.
Com a experiência que tenho do Palco RUC – não só enquanto curador mas pelos trabalhos que fazia antes – apercebo-me que ficávamos sempre com aquele receio de que algo podia correr mal. Contudo, no fim, acaba tudo por correr mediante o planeado. Sim, tivemos alguns percalços que são naturais em qualquer evento, mas foram sempre contornáveis.

Mas devem ter sido percalços pequenos, tendo em conta a forma como correu.
BM – Bem. No fundo, o complicado é estarmos dependentes da comissão organizadora da Queima das Fitas: a comunicação entre as duas entidades fica um pouco aquém. Não sabemos bem o porquê, mas percebemos que eles também têm a organização dos seus próprios palcos. No entanto, todos os anos acabamos por ficar sem saber coisas básicas como backline, ou como é o palco (ainda mais quando este ano, o palco estava num espaço novo). Contudo, as coisas rapidamente se resolveram, apesar de ser o mesmo todos os anos. Temos de ser amigos uns para os outros.

E como achas que foi a adesão do público?
BM – Para começar, quero dizer que a adesão nas redes sociais é crescente. Todos os anos, quebramos todos os recordes possíveis e solidificamos ainda mais a nossa relação com os estudantes, e não só. Aliás, é algo natural: os estudantes de Coimbra que vão ao Palco RUC entretanto acabam os seus cursos e saem da cidade, mas ficam sempre com o nosso palco em mente.
Olha, eu tenho um amigo irlandês que estudava cá e vinha sempre ao Palco RUC. Quando saiu de Coimbra, continuava a vir a Portugal todos os anos de propósito para ver a nova edição. Entretanto, ele voltou para Portugal, para trabalhar em Lisboa. Por isso, as viagens ficaram mais facilitadas [risos].

Ou seja, existem sempre caras conhecidas no Palco RUC, adicionadas às caras novas?
BM – Certamente. Todos os anos vemos caras conhecidas, e é sempre ótimo vê-las misturadas com as novas caras, que esperemos que virão também a tornar-se caras conhecidas, para que o Palco RUC ganhe cada vez mais relevo.

E quanto aos artistas?
BM – O cartaz foi muito bom, e os artistas, na sua generalidade, cumpriram ou – em alguns casos – excederam as expectativas. Voltámos a trazer alguma música de peso, como os Pledge, MДQUIИД, Terebentina, etc… Isto porque sentimos que faltavam bandas, e já havia pessoal – tanto de dentro como de fora da RUC – que nos andava a chatear com isso. E assim fizemos. E ainda bem, porque o público pareceu adorar. Além disso, essa veia rock sempre ajuda na competição com os sons da tenda e do palco principal. Além disso, foi também bastante satisfatório ver a química entre os diferentes DJ’s.
Quero também adicionar que foi muito gratificante ver a forma como os artistas olhavam para o nosso Palco RUC. Inclusive nomes estrangeiros, que ficavam pasmados a olhar para todo o conceito da Queima das Fitas e de Coimbra em si. Artistas que estão habituados a tocar de país a país e que, ainda assim, não ficaram indiferentes a esta iniciativa. Foi mesmo muito bom ver os artistas emocionados com uma cena que, apesar de tudo, ainda é amadora. E, claro, queremos sempre manter este nível de hospitalidade.

Bernardo Matos, um dos curadores do Palco RUC

Pessoalmente, quais foram os concertos que te marcaram mais?
BM – Gostei de todos, em geral. Destaco Deli Girls, Animistic Beliefs, DJ Kolt, Pledge e MДQUIИД. Entregaram tudo e superaram as expectativas.
Aliás, falando nos Pledge: eles estiveram ótimos. E há bastantes relatos de pessoas que gostaram mesmo do concerto, inclusive algumas que me pareciam um bocado céticas quando os anunciámos.

Em 2019, o Palco RUC durou a Queima inteira, mas agora só têm quatro dias. Como vêm este regresso aos quatro dias nestas últimas edições?
BM – Bem, nós gostaríamos muito de voltar aos oito dias: esse é o sentimento geral de toda a RUC. Até porque, sejamos sinceros, nem toda a gente que vai à Queima das Fitas acompanha o programa ao pormenor. Por isso, vemos todos os anos as pessoas assim meio baralhadas porque, ao acabar o Palco RUC, no dia seguinte começa o Palco Secundário, organizado pela própria comissão organizadora da Queima das Fitas. É confuso, mas pronto, perdemos essa cena depois da pandemia e daquela edição onde houve latada e queima na mesma altura. É pena.

Para terminar: o que podemos esperar do Palco RUC daqui para a frente?
BM – Esta foi a última de duas edições em que eu e o Pedro Cosme fizemos parte da curadoria. Normalmente há mais rotatividade, mas achámos que fazia sentido continuar com a mesma curadoria por mais um ano, para haver um certo sentimento de continuidade.
Agora é passar a tocha para a próxima equipa, que ainda não sabemos quem é. No entanto, a perspetiva é sempre para crescer cada vez mais. Honestamente, só não fazemos mais porque não nos deixam.
Gostaríamos mesmo muito de voltar aos oito dias de Palco RUC: temos demasiadas sugestões para artistas e não conseguimos pôr tudo a caber em quatro dias. Mas pronto, aprendi muito com estes dois anos. Deu-me mais vontade de continuar, tanto na RUC como fora, e a próxima equipa pode esperar pela minha ajuda, para lhes ensinar como fazer este evento para que eles possam continuar por eles mesmos.
Mas respondendo mais diretamente à tua pergunta: o balanço final é de satisfação. Tanto da minha parte, como do resto da equipa. Andamos aqui pelo amor à camisola, e fazer cenas assim em Coimbra é sempre bom. Era bom darem mais oportunidade à RUC para fazer cumprir iniciativas como esta, mesmo fora da própria Queima das Fitas. Afinal, o Palco RUC serve como plataforma de mostrar ao pessoal o que é que a RUC faz, e ter mais oportunidades para nos mostrarmos seria essencial.

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Espera-se que o Palco RUC volte no próximo ano, juntamente com a Queima das Fitas, como de costume. No entanto, ainda falta até chegarmos a maio de 2024. Até lá, a RUC continuará com as suas transmissões em www.ruc.pt ou, caso Coimbra vos esteja à vista, 107.9FM. Além disso, é comum a estação de rádio estudantil organizar diversos eventos, que serão decerto divulgados nas suas redes sociais.

Abaixo segue-se o aftermovie publicado nas redes sociais do Palco RUC e da própria RUC, como um saborzinho daquilo que foi este evento.

 

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