Jupiter & Okwess no Lee’s Palace: uma erupção de ritmo e jubilo intenso

Jupiter & Okwess no Lee’s Palace: uma erupção de ritmo e jubilo intenso

| Agosto 8, 2023 2:06 am

Jupiter & Okwess no Lee’s Palace: uma erupção de ritmo e jubilo intenso

| Agosto 8, 2023 2:06 am

Perante uma plateia ainda em construção no que toca ao número de pessoas presentes e durante uma carga de chuva amena avistamos a carrinha de onde sairia a totalidade da banda Jupiter & Okwess à porta do Lee’s Palace em Toronto.

Com concerto marcado para as 22h e ainda faltando cerca de uma hora para o mesmo, o grupo congolês não se rogou no que toca a confraternizar com os seus fãs. Lá dentro ouvia-se uma boa dose de afrobeat e música afroinspirada por parte do DJ General Eclectic, escolhido pela promotora Batuki Music Society para abrir a noite.

Jupiter Okondji, o vocalista e lider do grupo, aqui de camisa vermelha e chapéu à cowboy, não hesitava em passear pela sala, falando apenas em francês com quem o interpolava, tentando entender, calculamos nós, parcialmente qual seria o ambiente deste evento e com o que poderia contar durante a sua performance. De notar que o Lee’s Palace se situa numa das primeiras zonas periféricas de Toronto e a sua plateia se encontra cercada por um balcão e bancos altos à boa moda americana. O público não era muito e como tal mostrava-se meio acanhado no que toca a dança e à disponibilidade em sair dos seus assentos em direcção à zona da plateia em pé, persistência essa que durou até cerca da terceira canção interpretada: “Emikele Ngamo”, extraída de Kin Sonic, o álbum mais bem sucedido da banda até então.

O quinteto oriundo de Kinshasa (República Democrática do Congo), como já é habitual por parte de outros músicos seus conterrâneos, pratica uma fusão orelhuda entre o rock ocidental, o funk e o afrobeat, potenciando uma música forte em carga rítmica e caracteristicamente dançável, inclusive pelos próprios músicos que não se acanharam no que toca à apresentação dos seus movimentos favoritos enquanto interpretavam os seus temas originais.

O baterista, envergando uma máscara de luta-livre durante toda a actuação, por vezes, arriscava liderar os vocais da banda – como aconteceu em “Musonsu” (canção que conta com a participação de Damon Albarn na versão de estúdio) – soltando ritmos endiabrados e sendo acompanhado quase sempre em sintonia com Yandé, vestido com uma boina e um fato camuflado à revolucionário pan-africano, no baixo a manter o groove.

Jupiter & Okwess

Não faltaram solos de guitarra ou de baixo nesta performance, chegando mesmo a haver momentos em que Jupiter se remetia às congas ou chegava mesmo a sair de palco a fim de atribuir um maior protagonismo aos restantes músicos, como se sucedeu durante a interpretação de “Muba”, extraída de Na Kozonga, o seu mais recente longa-duração, aqui em apresentação.

O concerto prossegue com a banda a recorrer aos já habituais truques de palco para aquecer o público e deixá-lo entretido, não só com os habituais grandes crescendos em que o público salta todo junto após estar de cócoras durante alguns segundos (em “Mexico Is My Land”), como também ao convidar cinco mulheres para dançar com a banda (em “Nzele Momi”), afirmando estarem a tentar promover a igualdade de sexos em palco: 5 homens e 5 mulheres. Para trás haviam ficado dois dos maiores hits do conjunto: “Na Kozonga” e “Ofakombolo”, interpretados de seguida.

“Margerita” e “Yaka”, extraídas de International, o seu primeiro disco de originais, seguidas por “Ekombe” – em versão estendida – encerram o alinhamento regular, não antes de mais um solo de guitarra endiabrado capaz de fazer ressuscitar os mortos ou como Jupiter afirma: “uma canção para se dançar no casamento e no funeral”, despedindo-se o quinteto então de seguida, fazendo os cinco membros uma pistola com os dedos e apontando-a para o ar.

Estava dado o mote para a revolução que não ficaria por aqui pois, após o agradecimento da organização aos patrocinadores, a banda voltaria de rompante para rejubilo do público presente de forma a terminar o espectáculo em beleza, com a interpretação de um tema inédito que marcou assim o final da actuação e a décima quinta canção do alinhamento.

Pouco tempo após o término do concerto já os músicos passeavam sem grandes rodeios pela sala torontina onde foi gravado a famosa batalha das bandas no filme Scott Pilgrim vs The World, diga-se de passagem, assinando efectivamente uma performance memorável, plena em ritmo num Sábado de jubilo, por parte de uma das bandas africanas mais interessantes e acarinhadas da actualidade. Esperamos poder vê-los em breve no nosso país pois a festa estará sempre garantida.

Reportagem: Rosa Maria

Fotografia: Delphy Photography

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