Entre o “potencial incrível” e a “hipótese de insucesso”: vem aí mais uma edição do Semibreve

Entre o “potencial incrível” e a “hipótese de insucesso”: vem aí mais uma edição do Semibreve

| Outubro 19, 2023 4:18 pm

Entre o “potencial incrível” e a “hipótese de insucesso”: vem aí mais uma edição do Semibreve

| Outubro 19, 2023 4:18 pm

De 26 a 29 de outubro, o festival Semibreve, dedicado às vanguardas da música eletrónica e das artes digitais, leva um programa múltiplo feito de música, instalações, workshops, conversas e espetáculos encomendados a diversos espaços de Braga. 

Nasceu há doze anos, “sem grande plano” e “premeditação”, com o intuito de “trazer à cidade de Braga uma série de artistas” e “estéticas musicais” incomuns ao circuito dos festivais em Portugal. “A única pretensão que havia era a de fazer as coisas bem e ter um festival interessante”, explica em entrevista à Threshold Magazine Luís Fernandes, diretor artístico do Semibreve, cuja 13ª edição arranca na próxima quinta-feira, 26 de outubro, prolongando-se até ao domingo.

Ao longo dos anos, o evento organizado pela associação AUAUFEIOMAU com o apoio da Câmara Municipal de Braga impôs-se como uma das propostas incontornáveis do calendário nacional de iniciativas dedicadas às músicas de cariz exploratório, com firmado reconhecimento internacional. Ryoji Ikeda, Alva Noto, Christian Fennesz, William Basinski ou Jon Hopkins são alguns dos ilustres que já passaram pela Cidade dos Arcebispos em contexto do festival, que desde 2011 leva a cabo a missão de desafiar artistas dos mais variados quadrantes e linguagens a desenvolverem novos trabalhos em palco, vontade que representa, segundo o atual diretor artístico do Theatro Circo, “uma aposta de risco”. 

“Quando se coloca artistas em diálogo”, explica, “há sempre o risco de as coisas correrem mal”. “Em todo o caso”, continua, “acho que faz parte da lógica do festival correr esse risco e tentar promover essas ligações”, assumindo que a linha que separa o “potencial incrível” dessas performances da “hipótese de insucesso” é “ténue”. “Nem todos os festivais o conseguem fazer”, admite. “É preciso estabelecer uma relação de confiança, um historial de qualidade. E isso deixa-nos muito felizes também, por termos esse capital”.

Paralelamente ao Theatro Circo, que acolhe os principais espetáculos do evento, e a par das instalações do gnration, onde decorre a vertente clubbing do festival, também a Capela Imaculada do Seminário Menor e o Salão Medieval da Reitoria da Universidade do Minho serão palco para alguma da mais desafiante música eletrónica dos nossos dias. “Parte daquilo que torna o festival, no nosso entender, especial tem a ver com esta capacidade de se articular com os locais onde os espetáculos decorrem, e a própria curadoria leva obviamente isso em conta”, conta Luís Fernandes.

Este ano, o Semibreve expande-se até ao Auditório São Frutuoso, que acolherá alguns concertos durante a tarde. “É um local totalmente desconhecido”, diz-nos sobre a mais recente adição ao mapa do festival, um espaço “fechado ao público” que pretende, nas palavras do diretor, “dar a conhecer alguns artistas num contexto mais intimista”.

Quando questionado sobre os espetáculos que mais antecipa nesta edição, Luís Fernandes aposta na performance da japonesa Eiko Ishibashi, que levará ao palco maior do Theatro Circo um filme-concerto “concebido inteiramente para a sua música”, feito a partir da matéria visual do mais recente filme de Ryūsuke Hamaguchi, Evil Does not Exist, distinguido este ano com o Grande Prémio do Júri no Festival de Veneza.

“Numa lógica mais saudosista”, continua, os norte-americanos Emeralds, que há dez anos não pisavam palcos, regressam “para uma série muito reduzida de espetáculos”. O concerto em Braga, agendado para o penúltimo dia de festival, é apenas o terceiro na Europa desde a reforma, depois de duas apresentações nas edições espanholas do Festival Primavera Sound. Também o concerto inaugural do Semibreve, que decorrerá no alto do Santuário da Basílica do Bom Jesus do Monte, estará em destaque nesta edição, com a performance ao vivo da violoncelista Clarice Jensen, conhecida pelas contribuições em discos de Bjork e Taylor Swift.

Luís Fernandes reforça ainda a contínua missão do Semibreve em apoiar jovens e estudantes no domínio das artes digitais e novos media, convidando-os a “apresentar o seu trabalho fora do contexto académico”, bem como o habitual programa de conversas e workshops, que este ano estará ao abrigo da iniciativa Re-Imagine Europe | New Perspectives for Action, co-financiada pela União Europeia.

O passe geral de acesso aos quatro dias de festival já se encontra esgotado, estando à data disponível um número reduzido de bilhetes para os espetáculos no Theatro Circo no site do Semibreve, assim como os últimos ingressos para os concertos no gnration.

Fotografia: Adriano Ferreira Borges / Semibreve

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