O warm up do Post Punk Strikes Back Again deu-nos um pequeno tesourinho, e o seu nome é Deep Tan
O warm up do Post Punk Strikes Back Again deu-nos um pequeno tesourinho, e o seu nome é Deep Tan
O warm up do Post Punk Strikes Back Again deu-nos um pequeno tesourinho, e o seu nome é Deep Tan
A sexta edição do Post Punk Strikes Back Again começou oficialmente no passado dia 7 com três concertos marcados para a Sala 2 do Hard Club, onde o destaque vai para a passagem das Deep Tan (na fotografia) – indubitavelmente a grande revelação deste dia.
Sediadas em Londres, conjugam paisagens sonoras despojadas em que grooves hipnóticos esculpem atmosferas de alienação sedutora. Sente-se mesmo, aliás, uma “elegância misteriosa” na postura que o trio adota em palco, como um “sopro” de romantismo gótico que se espalha enquanto post-punk dark e inebriante. Alternando entre melodias de baixo bojudas (honestamente, a maior fonte de riqueza sonora no grupo) e linhas de guitarra minimalistas, quase “secas” por vezes, instalaram uma aura tão poética quanto insólita que se mostrou gradualmente envolvente, mesmo que musicalmente ainda haja espaço para evoluir. No entanto, o potencial é mais do que visível, e o futuro das Deep Tan tem tudo para ser luminoso.
A fechar a noite assistimos ainda ao regresso dos italianos Soviet Soviet, bastante competentes no equilíbrio entre a exploração melódica e o rasgo de energia que frequentemente nos atirava para o universo dos Placebo de antigamente – sobretudo a nível vocal, mas também com algumas das linhas de guitarra -, e onde só o possível exagero no delay da voz, que até nos momentos de interação com o público se notava, constituiu um ligeiro incómodo. Um pouco antes, o post-punk dos portugueses Rival Club proporcionou um bom aquecimento, mesmo com alguns problemas técnicos ligeiros a meio da atuação. Não sendo necessariamente uma proposta refrescante, o quarteto mostrou ter composições sólidas e uma postura satisfatória em palco. Se não conquistaram pela inovação, podemos dizer que agradaram pela eficácia.
Contudo, a sensação no final era de que este aquecimento pertenceu realmente às Deep Tan, luz de esperança a aquecer-nos a alma nesta noite fria. Urge então voltar a trazê-las, pois estamos claramente perante uma pequena pérola.
Texto: Jorge Alves
Fotografia: Helena Granjo