de hiatos indefinidos, desentendimentos e a entrada de dois novos membros, os BlocParty entraram em 2016 com o lançamento do seu quinto álbum de longa duração, HYMNS. Juntos
desde 1999 e com um enorme following na cena indie rock, este novo trabalho do
quarteto britânico é no entanto muito difícil de descrever, e é sem dúvida o
começo de uns novos Bloc Party; não existe o desespero frenético dos últimos
trabalhos, mas sim a procura de um novo som, talvez mais contido e com a
visível influência dos novos elementos da banda, bem como do trabalho a solo de
Kele Okereke, o vocalista do grupo. Já
sabemos que Kele não é nenhum génio lírico, mas a qualidade das suas letras
mantém-se. No entanto ao longo do álbum somos surpreendidos por uma miscelânea
de géneros e sons, como em “Only He Can Heal Me”, com uma clara influência
gospel, a infeliz “The Good News”, talvez a pior do álbum, com inspiração
country, ou “Into The Earth”, quase a chegar ao beach pop, mas por várias vezes
somos deixados no limbo durante este álbum; excelentes momentos de antecipação
são criados, mas nunca chegam a ser bem concretizados, como em “Exes” ou “The
Love Within”. Bloc
Party ganham indubitavelmente crédito por tentar algo novo com HYMNS, é sem dúvida um álbum de
transição que quase funciona, mas que claramente precisa ainda de algum
trabalho. Um bom esforço, no entanto.
o mal-amado, Trust Found, a banda portuense regressou, no início do ano passado,
com dois singles, “Skip Off” e “July”, que mais tarde vieram a integrar este
primeiro EP da banda, Grow A Pair. O título deste registo é, como nos disseram
em entrevista, parte de um dos nomes que consideraram para a banda aquando a
sua formação.
de o ouvir em estúdio. Mais uma vez a banda mostra as
suas influências do garage rock e post punk, tendo como principais diferenças em
relação ao primeiro registo uma melhor composição, um som mais “limpo” e a
maior parte dos vocais são executados por Miguel Almeida, o que pode causar
algumas comparações (principalmente “July” e “Won’t Spread The Word (About Tonight)”)
com o seu projecto a solo, Grany Detours, do qual já se falou anteriormente. Todos os temas têm instrumentais
excelentes e são “catchy” o suficiente para ficar na memória durante vários
dias. Apesar da boa qualidade de todas as faixas, talvez se destaque “270
Fast-Forward” que, além de nos dar aquela estranha satisfação de quando uma
banda canta o título do disco, termina com uma pequena demonstração de como
seria a música da banda se se dedicasse mais ao rock psicadélico. Grow A Pair é uma boa
demonstração do potencial desta banda mas acaba por saber a pouco porque metade
das suas músicas já tinham sido editadas como single anteriormente.
É impossível restringir os britânicos The Fat White Family a um estilo definido. A melhor maneira de os descrever é imaginar os personagens de Trainspotting a pegar em instrumentos e a fazer música sobre o seu estilo de vida. Para os fãs, não esperem grandes diferenças entre este e o primeiro álbum, os elementos em destaque continuam os mesmos, sendo que a banda volta a optar por um som lo-fi e garage rock com influências electrónicas. O momento do álbum está na primeira música, “The Whitest Boy on The Beach”, uma música fantástica que apenas dá vontade de dançar nu no meio de uma rotunda. As músicas continuam e estes fazem o seu melhor para provocar a audiência. Na musica “Goodbye Goebbels”, invocam o nome do antigo mão direita de Adolf Hitler e prevêem um novo reich, “Here’s to the fourth reich/ I bid you a Jew”, ou na musica “Satisfied” onde fantasiam Primo Levi, escritor italiano que sobreviveu ao holocausto, a realizar o sexo oral, “She looked like Primo Levi sucking marrow out of a bone”. Este não é um álbum para todos os indivíduos, aconselho os sensíveis a manterem-se afastados, no entanto se forem fãs do pecado tem aqui o disco perfeito para celebrar uma vida repleta de decadência e deboche.