Kevin Morby
Singing Saw

| Abril 17, 2016 9:22 pm
Singing Saw // Dead Oceans // abril de 2016
6.5/10

Kevin Morby estreou-se em 2013 na cena musical com o muito aclamado disco Harlem River que o levava a integrar-se na nova cena folk americana do mesmo ano. Embora como projeto a solo, Kevin Morby só se tenha apresentado em disco há três anos atrás, a história do singer-songwriter começou com os Woods – dos quais se separou em 2013 – e teve ainda ligações com os The Babies onde ainda é membro integrante, juntamente com Cassie Ramone das Vivian Girls, embora a banda se encontre em stand by. A solo, e em território português, estreou-se em outubro de 2014 no morto Mercado Negro, ao lado do baterista Justin Sullivan para um auditório com casa cheia. O carinho do músico pelo norte de Portugal começava ali  e “Dorothy”, um dos singles que serviu de avanço a este novo disco, reconta uma dessas viagens a Portugal. 


Depois de dois discos bem sucedidos via Woodsist Records, Kevin Morby regressa agora com Singing Saw, o primeiro disco na casa da Dead Oceans e diga-se, sem rodeios, o disco mais fraco do músico até à data. Apesar de “Dorothy” ser uma canção maravilhosamente composta e bem pensada, poucos são os singles que lhe fazem competição. Das restante oito canções que compõem o álbum talvez só a homónima “Singing Saw” consiga fazer-lhe frente, já que é a melhor canção do disco e, arrisco-me a considerá-la uma das melhores canções na discografia de Kevin Morby, a solo. Mas isso não implica que este tenha de ser um dos melhores discos do cantautor. Não é, e apesar de umas músicas agradáveis tem outras bastante aborrecidas.


Para os que não sabem, um singing saw é um instrumento que cria sons etéreos mas é também uma ferramenta: básica e prática, mas igualmente destrutiva. De facto, em Singing Saw Kevin Morby faz-nos compreender a música como algo mais poderoso do que o seu habitual som delicado. “Ferris Wheel” é um exemplo do afirmado já que Kevin Morby introduz um solo de piano, algo que até à data não era explorado no seu trabalho. Apesar da novidade e do poder de tal instrumento, o som resultante não surte qualquer efeito surpresa no ouvinte. Algo muito simples e a seguir uma linha que os fãs de Harlem River não esperavam. “Drunk On A Star” é outro erro que se reflete em muito na lírica reles que o acompanha.


Apesar das coisas menos boas, não posso deixar de apontar também “I Have Been To The Mountain” como uma boa marca neste terceiro trabalho de estúdio, só lamento que Kevin Morby não tenha decidido seguir esta veia de conjugação de diferentes géneros em mais músicas do álbum. O final com o violino a despedir-se é uma maravilha e dava pano para mangas para a inovação, num mercado pautado pela competição e excessos de oferta. 


Dizer que este é o disco mais fraco de Kevin Morby não quer dizer que é um mau disco. Quer dizer que eu vou ouvi-lo umas quinze vezes e depois vou-me fartar e não lhe pego mais porque entretanto vão sair mais discos de outras bandas e no final do ano eu já nem me vou sequer de me lembrar de o colocar na minha lista dos discos favoritos do ano. No fundo o que eu quero dizer é que estão aqui três músicas muito interessantes mas que as restantes seis são bastante banais, o que retira qualquer carácter inovador denotativo da obra. Uma pena.

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