Steven Wilson, o líder da banda de rock progressivo Porcupine Tree, considerado o “rei do rock progressivo” (oficializado nos Progressive Music Awards, que decorreram no ano passado em Londres) já participou em vários projectos icónicos desse mesmo estilo como King Crimson, Anathema e até Opeth, chegando mesmo a fazer uma colaboração com Mikael Âkerfeldt (vocalista de Opeth), projecto o qual, foi nomeado para um Grammy pelo seu álbum de 2012, uma das quatro nomeações na carreira de Steven Wilson.
4 1/2 é um EP que recorda aos fãs de Porcupine Tree, a fase desde o lançamento de In Absentia de 2002, e o Fear of A Blank Planet de 2007, partindo as músicas deste EP da parte mais introspectiva e crítica à sociedade do britânico.
Falando música a música: em “Book of Regrets” a letra é embelezada pela criptologia por trás da escrita de Steven Wilson, referindo-se à futilidade do arrependimento no dia-a-dia através da frase “Don’t let it bring you down/Just wait ‘til the morning comes”, sendo que o instrumental puxa pela própria introspecção do ouvinte. Em “Year of The Plague” temos uma música puramente instrumental mas mesmo assim introspectiva, classificando esta música como uma ideal para um final de dia, e para um estado de espírito mais melancólico. Em relação a “Happiness III” considero-me um bocado repartido, mas no fundo é uma música que não inova: o instrumental não surpreende, sendo instantaneamente relacionado a Steven Wilson após os primeiros acordes, e a letra, além de bem feita, recorda demasiado os tempos de Fear of a Blank Planet, sendo mesmo assim uma crítica mais suave do que as presentes nesse álbum.
Chegando à segunda parte do EP, ouvimos a instrumental “Sunday Rain Sets In” que de certa maneira compensa pela falta de inovação da “Happiness III”, misturando influência Jazz, com sopros no início e uma cacofonia organizada que aparece do nada, e surpreende no bom sentido quem tiver a ouvir o álbum pela primeira vez, tornando-se na melhor música do álbum. “Vermillioncore” é uma música instrumental que retoma a um estilo com laivos da distorção de “Deadwing” e com uma estranheza bem própria de Steven Wilson. Por fim, a música final do álbum “Don’t Hate Me”, brilha pela sua excelência, tanto na letra simples porém complexa, mostrando que não são precisas mil palavras para dizer de forma críptica em cinco, e no instrumental, em que Wilson pareceu conseguir incluir todas as suas influências em pouco mais de 9 minutos, característica semelhante a por exemplo “Anesthesize” uma das músicas fulcrais da sua discografia.
Resumindo, 4 1/2 é um EP que engloba várias influências da carreira de Wilson, superando o decente em termos de qualidade, em que a segunda parte supera a primeira em termos de qualidade e inovação, mas que mesmo a primeira, para um fã de rock progressivo, se isto é o pior que o autor de Blackest Eyes consegue fazer, que venha mais!
Texto de Pedro Alves