Neō Wax Bloom // Brainfeeder // setembro de 2017
8.0/10
O jovem produtor irlandês Seamus Malliagh, mais conhecido pelo seu nickname Iglooghost, tem criado um burburinho nas lides da eletrónica, muito graças ao seu primeiro registo em formato EP - Chinese Nü Yr - com a label da celebrada e versada editora nas sonoridades eletrónicas/hip-hop, a Brainfeeder, criada pelo produtor Flying Lotus. Sob essa mesma editora, que também espalhou os nomes de The Gaslamp Killer e Thundercat na cena musical atual como achas à fogueira, o músico de vinte anos lança agora o seu novo longa-duração, Neō Wax Bloom.
|
© Tim Twiss |
A sonoridade de Iglooghost baseia-se numa IDM influenciada pela vertente mais dançável do género e baseada em estilos como o grime , o breakcore , o hip-hop e o wonky. Indo em mais detalhe, pode-se esperar uma panóplia de melodias catchy, ousadas e cheias de vida, sincopadas com batidas glitchy - usualmente instáveis e caóticas-, com uso seletivo e criativo de sampling. Acumulando-se tudo, ele cria uma atmosfera bastante rica que dá corpo a landscapes musicais surrealistas, alienígenas e surpreendentemente adocicadas e que, acredite-se ou não, vem com uma espécie de backstory/conceito intergaláctico por detrás das músicas.
Quanto às faixas em si, ”Pale Eyes” é uma música curta que faz um bom trabalho em introduzir o ouvinte ao imaginário louco que reina neste som, começando calmamente e tornando-se gradualmente mais rico em textura musical aleatória; quando ”Super Ink Burst” começa a tocar, essas texturas culminam numa explosão incessante e sónica. ”Solar Blade” é ainda outro ponto alto, em que melhor se reflete a dinâmica rítmica de Iglooghost. ”Zen Champ”, por sua vez, é contraditório, uma vez que atua como um dos momentos mais enérgicos e upbeat do álbum. ”Bug Thief”, ”Purity Shards” e ”Infinite Mint”, com a cantautora e comparsa Cuushe, são as faixas que estão mais perto de serem os momentos mais chill do álbum. Por fim, “Peanut Choker” e ”God Grid”” são duas faixas que fecham o alinhamento do álbum com chave de ouro.
Graças a um bom uso das influências musicais em prol de uma identidade própria e de equilíbrio bem conseguido de melodias agradáveis, com um trabalho rítmico complexo, este álbum acaba por ser uma das melhores surpresas deste ano, enquanto que os que já se encontram familiarizados nestas andanças já sabem o que esperar. Se procuram algo para ouvir que seja minimamente desafiante e que frite mentes com imagery de planetas distantes e criaturas fora do comum, este pode muito bem ser o álbum que responda a tais necessidades específicas.
Texto: Rúben Leite