Com Luciferian Towers, a mensagem de crítica política e social que as composições de Efrim Menuck e companhia tentaram sempre transmitir (o EP Slow Riot for New Zerø Kanada trazia instruções de como fabricar um cocktail molotov) continua bem patente, como demonstrado pelo manifesto publicado pela banda aquando do anúncio do seu lançamento. Ainda assim, estes novos temas mostram-nos uns GY!BE com menos revolta e até com algum optimismo.
O disco inicia-se com “Undoing a Luciferian Towers”, sendo esta parte de uma peça mais longa quando tocada ao vivo nas suas tours mais recentes, tal como “Fam/Famine”. Tema curto para aquilo a que os GY!BE já nos têm habituado e que serve como uma belíssima introdução à sonoridade a ser explorada durante os cerca de 44 minutos do disco, destacando-se a sua estrutura quase free jazz. Segue-se “Bosses Hang”, com quase 15 minutos e composta por três partes, e talvez a peça mais forte de todo o material pós-hiatus dos GY!BE. Conhecida anteriormente por “Buildings”, temos desde início uma grande harmonia entre todos os instrumentos e com principal destaque para o belíssimo violino de Sophie Trudeau. A tensão continua a progredir de forma notável ao longo das suas três partes com o revisitar de temas explorados nos seus minutos iniciais, e que nos levam a imaginar uma sociedade em colapso, e que culminam numa catarse apoteótica.
Em “Fam/Famine” temos uma peça mais transitória e que acaba por servir bem o seu propósito. Com quase sete minutos, o grupo canadiano consegue novamente explorar vertentes mais drone para criar uma densa parede de som que preenche o espaço de forma coesa sem nunca se sentir falta de conteúdo, algo que nunca chegou a ser concretizado de forma invejável nas secções de transição em Asunder, Sweet and Other Distress.
Para terminar, “Anthem For No State” é uma versão mais condensada da anteriormente tocada “Railroads”, e é outros dos pontos fortes do álbum, particularmente devido à guitarra com uma sonoridade spaghetti western e ao clímax muito bem trabalhado. Ainda assim, recomenda-se a audição da versão tocada ao vivo através de bootlegs de anos recentes pois a remoção da secção introdutória ambiente e de algumas passagens centrais tornam a peça menos coesa e levam a uma passagem algo abrupta a partir de “Fam/Famine”. Importante também referir, e tendo “Anthem For No State” como um belíssimo exemplo, que o uso de gravações ambiente que tanto caracterizavam os primeiros trabalhos do grupo (usadas pela última vez em Lift Your Skinny Fists Like Antennas to Heaven) poderiam sem dúvida trazer uma maior fluidez aos trabalhos desta nova fase dos GY!BE.
Em suma, Luciferian Towers pode não ser uma obra-prima mas é um retorno à forma depois do algo desapontante Asunder, Sweet and Other Distress e uma boa adição à discografia dos GY!BE, que demonstram que ainda têm algo de relevante a acrescentar ao panorama actual do post-rock.