Glassjaw
Material Control

| Dezembro 7, 2017 2:38 pm
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Material Control // Century Media // dezembro de 2017
6.5/10


Material Control é o novo álbum da banda veterana Glassjaw, que ajudou a modelar o movimento emo/post-hardcore dos anos 90 juntamente com nomes como At The Drive-In e Refused – se bem que discutivelmente menos consagrada, ou talvez até divulgada, em comparação. Sendo o primeiro álbum de uma banda com tal estatuto de culto lançado em quinze anos (bem, isto se não contarmos os EPs lançados nesse espaço de tempo), pode-se dizer com certeza de que há, pelo menos, alguma curiosidade em ver se a banda ainda tem o fulgor de álbuns como Worship and Tribute e Everything You Wanted to Know About Science.


Partindo do princípio de que o post-hardcore é visto como o movimento musical em que o hardcore punk é submetido a abordagens mais emocionais e a amálgamas experimentais (algumas delas forçadas) com outros géneros – tal como o post-punk foi com o punk-rock – , os Glassjaw provavelmente pertencem ao espectro menos convencional do género (o que por si só já é dizer muito). O estilo deles revolve à volta de letras sobre desamores, lutas internas e assuntos políticos acompanhados por um hardcore envolvido em namoricos com noise rock, rock progressivo, jazz e heavy metal, entre outros. Agora a questão é saber se Material Control fará mossa no panorama atual do estilo, ou se ficará pelo caminho.


O álbum tem um bom começo com os dois singles de avanço “New White Extremity” e “Shira”, que apresentam uma vibe bastante frenética, dissonante e furiosa. Esse modus operandi mantém-se – se bem que já a demonstrar algum desgaste – até à quarta faixa “Strange Hours”, em que o grupo torna-se num ato mais chill-out, tornando-a num dos destaques no álbum. A faixa seguinte, “Bastille Day”, é um interlúdio a apostar em experimentação com percussão mais tribal, servindo de introdução para “Pompeii”, que torna-se gradualmente mais caótico à medida que progride. “Bibleland 6” e “My Consciousness Weights a Ton” demonstram um trabalho de baixo bastante distinto. Tal como “Bastille Day”, a faixa-título “Material Control” é mais um interlúdio em que demonstram as suas tendências minimais. Eventualmente dá-se lugar à última faixa “Cut and Run”, que fecha o álbum de forma meio autopilot.



No seu todo, o álbum tem boas ideias, como se espera de alguém com bastante experiência nestas lides, mas nunca chegam ao seu pleno potencial no geral. Material Control fica assim num limbo em que o alinhamento está tão perto de chegar a um patamar considerável, mas falha por pouco pois houve qualquer coisa que falhou ali pelo meio. Houve demasiada mesmice ao longo da tracklist que faz empalidecer esse mesmo potencial, poucos momentos que fazem o álbum destacar-se, por exemplo, dos Las Disputes ou Touchés Amores desta vida, o que é uma pena. A ver se um eventual próximo álbum releva mais a natureza esquizofrénica dos Glassjaw.