7 ao mês com Luis Pestana

7 ao mês com Luis Pestana

| Setembro 28, 2021 11:37 am

7 ao mês com Luis Pestana

| Setembro 28, 2021 11:37 am

Após um mês de férias, o 7 ao mês regressa em setembro com Luis Pestana. O ano passado marcou a data de lançamento do seu primeiro álbum, Rosa Pano, que foi lançado em novembro pela label americana Orange Milk Records, selo importante na confecção de oníricas obras da vaporwave moderna.

Depois de uma jornada proveitosa enquanto guitarrista dos extintos LÖBO, Pestana voltou-se para o conforto do seu quarto e para os meios que tinha à mão para elaborar pequenas relíquias em forma de ficheiros digitais. Temas como “O Mare Mare” e “Adormecida” marcaram um afastamento do seu passado post-metal e passaram a abraçar a força insustentável do ambient e do drone. “Sangra”, a primeiro amostra de Rosa Pano, aterrou três anos depois da estreia de Pestana a solo, demonstrando uma abordagem mais aérea e pastoral para com a música eletrónica.

Na mais recente edição do 7 ao mês, desafiámos o músico a escolher sete temas que informaram o seu último disco, que mereceu a análise da Threshold Magazine na 63ª edição da rubrica Cinco Discos, Cinco Críticas. De António Variações a Steve Reich, passando por três momentos distintos do canto polifónico, estas são as escolhas de Luís Pestana.

Ricardo Rocha – Irradiante

O anti-herói do mundo da guitarra portuguesa. E uma lição em como subverter os cânones do instrumento – não para destruir, mas para semear.

Hildegard von Bingen – Canticles of Ecstasy

Quase mil anos depois, Hildegard envolve-me nos lençóis pela noite, suga-me o cortisol que resta no sangue. A primeira mulher compositora de que há registo no mundo ocidental. E uma pioneira do melisma, muito antes de Mariah Carey.

António Variações – Povo que Lavas no Rio

Para nos lembrar que nada nos pertence, que é apenas a nossa vez. E que este poema agora é do António. Amália, perdoa-me.

Steve Reich – Music for a Large Ensemble

Ouvir pela primeira vez foi como uma chapada de vida e de beleza. Nunca esqueçamos a música que nos fez erguer e lavar a loiça esquecida na bancada há uma semana. Reich disse que esta foi a pior música que compôs, que é uma sequência de loops desinteressante. Espero um dia criar uma peça tão desinteressante como esta.

Polifonia

O nosso primeiro instrumento acompanhou-nos no trabalho, na celebração, no lamento; e deu origem à mais tocante e intemporal das tradições musicais – o coro polifónico. Aqui em três terras separadas por oceanos e desertos:

a) Ilhas Salomão. Canto fúnebre das mulheres de Guadalcanal
b) Camarões. Mulheres Baka a colher cogumelos
b) Portugal. Grupo de Cantares de Manhouce – Embalo (Natal)

Rosa Pano encontra-se disponível no Bandcamp e restantes plataformas digitais. Aproveitem também para seguir Luis Pestana nas suas redes sociais (Soundcloud, Facebook, Instagram).

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