Na passada sexta-feira, 1 de junho, o Hard Club recebeu o primeiro dos três concertos que King Dude, projeto liderado por Thomas Jefferson Cowgill, tinha agendado em Portugal. Na bagagem trazia Sex (2016), temas do novo álbum – que mais tarde nos diria vir a chamar-se Music To Make War To – e, acima de tudo, uma boa disposição garantida pelo seu estado embriagado que proporcionou a todos os presentes uma noite bem passada num concerto totalmente intimista e muito interativo entre o artista e o público que marcou presença.
Agendado para as 22h00 o concerto de King Dude teve arranque pelas 22h22, com Thomas Jefferson Cowgill a subir a palco para apresentar a sua folk luciferiana, num espaço preenchido por três candelabros com velas, a sua guitarra preta, dois microfones e ainda um teclado. King Dude subiu a palco sem palheta e foi graças a alguns elementos do público que pudemos assistir à irrepreensível decadência romântica, apaixonada e genuína de King Dude. A abrir a noite com o tema “Deal With The Devil”, começavam também a chegar-se à frente vários dos espetadores para um início de concerto onde a setlist, mais tarde, acabaria por ser à escolha do público.
Sem saber muito bem o que tocar e com um “How’s going Porto? It’s great to be here thanks to the pic man” King Dude fez ecoar no Hard Club “Jesus In The Courtyard”, pedindo ao público presente para cantar juntamente com ele. Seguiram-se “Witch’s Hammer”, “Desolate Hour” e o primeiro dos vários diálogos que King Dude teria com o público do Porto “(…) I need to be in constant cold environments in order to retain any liquids in my body“, “Drink More!” – disse alguém do público, prontamente respondido por Cowgill com “That could be part of the problem, but my doctor is a dick I don’t like him, I don’t listen to him, if he was nice I might go, ‘ok I will listen to him’. (…) I went to the doctor, not too long ago, for an unrelated thing, we don’t need to talk about that, it’s private, fuck you guys, I’ll tell you later just after I drink more (…)” King Dude foi sempre super teatral e, entretanto, foi-nos contando a sua história de não saber dizer ao médico quanto álcool consumia no prazo do mês, nem de uma semana. No prazo de um dia, afirmou ainda que “If I’m on tour half of a bottle of Jack Daniel’s Whiskey (…) Cheers! (…) Let’s make an afterparty! (…)“.
Seguiu-se “Lucifer’s The Light Of The World” que nos presenteou com um dos momentos mais marcantes nesta experiência espetador-performer, onde King Dude ia cantando umas partes da música e o público respondendo com as restantes. A plateia do Porto pôde ainda ouvir uma cover do tema “State Trooper”, original de Bruce Springsteen. “I might be a king but there is only one boss (…) I love Bruce Springsteen let me tell you (…) Well at this point of this act I don’t know what I’m doing so (…)“, ao que alguém do público pediu “Vision in Black”, a primeira das músicas que seria interrompida pelo esquecimento de King Dude. “Can you choose songs I know?“, acabaria por dizer Cowgill mais tarde.
Ao longo de todo o seu act, King Dude soube colocar uma grande parte dos espetadores a rir-se, naquele que poderia facilmente ser descrito como um concerto com stand-up comedy incluída. Na performance do Porto pudemos ainda ouvir novas músicas do novo disco Music To Make War To, a sair no próximo mês de agosto pela Ván Records. Thomas Jefferson Cowgill ainda nos surpreendeu em formato piano, tendo voltado posteriormente à guitarra para tocar entre outras, “Barbara Anne”, música que deu por encerrada a sua performance na Invicta.
O concerto de King Dude fechou a primeira temporada de concertos da promotora At The Rollercoaster que este ano já trouxe à cidade do Porto bandas como SEXTILE, Tricky, Slowdive, Fields Of The Nephilim, Christian Death, The KVB, Second Still, Whispering Sons, Dead Sea e Bal Onirique. A mesma promotora está responsável pelo regresso das bandas The Soft Moon, Iceage e Wire nos meses de outubro e novembro de 2018. Todas as informações destes concertos seguem aqui.
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Texto: Sónia Felizardo
Fotografia: Helena Granjo